quarta-feira, 2 de novembro de 2011

TRABALHOS 1ª SÉRIE - 3ª certificação

1- JORNAL
Trabalho em grupo – Análise crítica dos principais jornais em circulação no país. O desenvolvimento do trabalho deverá obedecer às seguintes etapas:
1ª ETAPA - OS JORNAIS
Os grupos deverão escolher três jornais diferentes. Dois jornais impressos e um jornal on-line.
Exemplo: O Globo e O Dia impressos e Folha de São Paulo on-line.

2ª ETAPA – A ESCOLHA DA NOTÍCIA
Os grupos deverão escolher uma notícia que tenha sido publicada pelos três jornais escolhidos.
3ª ETAPA – A ANÁLISE DA NOTÍCIA
Os grupos vão analisar alguns aspectos, em cada jornal, referentes a noticia escolhida.
                1 – NOME DO JORNAL.
                2 – DATA DA PUBLICAÇÃO.
                3 – QUEM ESCREVEU A NOTÍCIA?
                4 – EM QUAL SEÇÃO DO JORNAL A NOTÍCIA SE ENCONTRA?
                5 – QUAL O CONTEXTO DA NOTÍCIA?
6 – HÁ PRESENÇA DE IMAGENS /VÍDEOS (on-line)? COMO ESTE RECURSO INTERFERE  NA NOTÍCIA?
7 – COMO O PONTO DE VISTA DO JORNANLISTA SE MANIFESTA NO TEXTO DA NOTÍCIA? HÁ NEUTRALIDADE?
8 – QUAL A RELAÇÃO DO TÍTULO COM O CONTEÚDO DA NOTÍCIA? ELE CHAMA A ATENÇÃO DO LEITOR? ANTECIPA UMA CONCLUSÃO?
9 – É UMA NOTÍCIA DE CAPA?
10 – DESCREVA O PÚBLICO LEITOR DOS JORNAIS.
11 – ABORDE AS ESCOLHAS LEXICAIS E A MODALIZAÇÃO DO DISCURSO (analise a escolha do vocabulário e do tipo de discurso apresentados pelo jornalista. Ele utiliza muitas interrogações? Lança mão de muitas exclamações?)
12 – O QUE DISTANCIA OS JORNAIS PUBLICADOS EM PAPEL DO JORNAL ON-LINE? QUAIS AS DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS NA CONDUÇÃO DA NOTÍCIA?
4ª ETAPA – APRESENTAÇÃO - exposição oral (em grupo)
O grupo deverá apresentar os jornais em papel e o link com a data do acesso ao jornal da internet. Outros detalhes referentes à apresentação serão combinados com a professora da turma.
5ª ETAPA – PRODUÇÃO DE TEXTO
Verificar com a professora da turma como e quando será realizada.


 2 – BARROCO
Apresentação em grupo da Arte Barroca sob a perspectiva de diferentes manifestações artísticas:
PROPOSTA DE DATA: apresentações a partir de 16 de novembro
Divisão da turma em 6 grupos que terão 1 tempo de aula (PODEM UTILIZAR FILMES, POWER POINT, OUTROS VÍDEOS):
1º grupo – CONTEXTO HISTÓRICO
2º grupo – ARQUITETURA E ESCULTURA 
3º grupo – PINTURA
4º grupo – MÚSICA                                                                      
5º grupo – LITERATURA POESIA
6º grupo – LITERATURA PROSA
Obs1: A ordem de apresentação dos grupos prevê o CONTEXTO HISTÓRICO em primeiro lugar e a LITERATURA por último, como melhor organização do conteúdo.
 Obs2: Deverão ser exploradas as manifestações artísticas eruditas e contemporâneas com características do Barroco


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Literatura: TEXTOS DE INFORMAÇÃO

Texto 1

Carta de Achamento do Brasil, de Pero Vaz de Caminha

Senhor,

posto que o Capitão-mor desta Vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a notícia do achamento desta Vossa terra nova, que se agora nesta navegação achou, não deixarei de também dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que – para o bem contar e falar – o saiba pior que todos fazer!

Todavia tome Vossa Alteza minha ignorância por boa vontade, a qual bem certo creia que, para aformosentar nem afear, aqui não há de pôr mais do que aquilo que vi e me pareceu. (...)

E portanto, Senhor, do que hei de falar começo. E digo quê:

(...) seguimos nosso caminho, por este mar de longo, até que terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, topamos alguns sinais de terra. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam furabuchos. Neste mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz! (...)

E dali avistamos homens que andavam pela praia, uns sete ou oito, segundo disseram os navios pequenos que chegaram primeiro (...). A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como um furador. (...)

O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, aos pés uma alcatifa por estrado; e bem vestido, com um colar de ouro, mui grande, ao pescoço. (...) Acenderam-se tochas. E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a alguém. Todavia um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. E também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal, como se lá também houvesse prata! (...)

Dos que ali andavam, muitos – quase a maior parte – traziam aqueles bicos de osso nos beiços.

E alguns, que andavam sem eles, traziam os beiços furados e nos buracos traziam uns espelhos de pau, que pareciam espelhos de borracha. E alguns deles traziam três daqueles bicos, a saber um no meio, e os dois nos cabos.

E andavam lá outros, quartejados de cores, a saber metade deles da sua própria cor, e metade de tintura preta, um tanto azulada; e outros quartejados d'escaques.

Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem novinhas e gentis, com cabelos muito pretos e compridos pelas costas; e suas vergonhas, tão altas e tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos, não se envergonhavam. (...)

Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. E portanto se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa e de bela simplicidade. E imprimir-se-á facilmente neles qualquer cunho que lhe quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. (...) E segundo o que a mim e a todos pareceu, esta gente, não lhes falece outra coisa para ser toda cristã, do que entenderem-nos, porque assim tomavam aquilo que nos viam fazer como nós mesmos; por onde pareceu a todos que nenhuma idolatria nem adoração têm. E bem creio que, se Vossa Alteza aqui mandar quem entre eles mais devagar ande, que todos serão tornados e convertidos ao desejo de Vossa Alteza. (...)

Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela (na nova terra), ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados (...). Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!

Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.

E desta maneira dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta Vossa terra vi. E se a um pouco alonguei, Ela me perdoe. Porque o desejo que tinha de Vos tudo dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo. (...)

Beijo as mãos de Vossa Alteza.

Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.

Pero Vaz de Caminha.

(CAMINHA, Pero Vaz de. Carta a El Rei D. Manuel. Disponível em http://www.culturabrasil. org/zip/carta.pdf.  p. 1, 2, 3, 7, 8, 9.)


 

Texto 2

Tratado da Terra do Brasil, de Pêro de Magalhães Gandavo

Minha intenção não foi outra neste sumário (discreto e curioso leitor) senão denunciar em breves palavras a fertilidade e abundância da terra do Brasil, para que esta fama venha a notícia de muitas pessoas que nestes Reinos vivem com pobreza, e não duvidem escolhei-la para seu remédio; por que a mesma terra é tão natural e favorável aos estranhos que a todos agasalha e convida como remédio por pobres e desamparados que sejam. (...)

Não se pode numerar nem compreender a multidão de bárbaro gentio que semeou a natureza por toda esta terra do Brasil; porque ninguém pode por o sertão dentro caminhar seguro, nem passar por terra onde não acha povoações de índios armados contra todas as nações humanas, e assim como são muitos permitiu Deus que fossem contrários uns dos outros, e que houvesse entre eles grandes ódios e discórdias, porque se assim não fosse os portugueses não poderiam viver na terra nem seria possível conquistar tamanho poder de gente. (...)

A língua deste gentio toda pela Costa é uma: carece de três letras — convém saber, não se acha nela F, nem L, nem R, cousa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei; e desta maneira vivem sem Justiça e desordenadamente. (...) Estes índios andam nus sem cobertura alguma, assim machos como fêmeas; não cobrem parte nenhuma de seu corpo, e trazem descoberto quanto a natureza lhes deu. Vivem todos em aldeias, pode haver em cada uma sete, oito casas, as quase são compridas feitas a maneira de cordoarias; e cada uma delas está cheia de gente duma parte e doutra, e cada um por si tem sua estância e sua rede armada em que dorme, e assim estão todos juntos uns dos outros por ordem, e pelo meio da casa fica um caminho aberto pela se servirem. Não há como digo entre eles nenhum Rei, nem Justiça, somente em cada aldeia tem um principal que é como capitão, ao qual obedecem por vontade e não por força; morrendo este principal fica seu filho no mesmo lugar; não serve doutra cousa se não de ir com eles à guerra, e aconselhá-los como se hão de haver na peleja, mas não castiga seus erros nem manda sobre eles cousa alguma contra sua vontade. Este principal tem três, quatro mulheres, a primeira tem em mais conta, e faz dela mais caso que das outras. Isto tem por estado e por honra. Não adoram cousa alguma nem têm pela si que há na outra vida glória pelos bons, e pena pela os maus, tudo cuidam que se acaba nesta e que as almas perecem com os corpos, e assim vivem bestialmente sem ter conta, nem peso, nem medida.

 (GANDAVO, Pêro de Magalhães. Tratado da Terra do Brasil. Disponível em http://www.nead.
unama.br/site/bibdigital/pdf/oliteraria/379.pdf. p. 2, 13.)




terça-feira, 24 de maio de 2011

CANTIGAS E CANÇÕES - UM DIÁLOGO MUSICAL DO CONTEMPORÂNEO COM O TROVADORISMO

Filosofia do trabalho


A literatura se faz de inovações e de permanências. Nada acaba de vez, nada é totalmente novo. A história e a cultura vão costurando os tempos, e as tendências artísticas de uma época tocam tendências de outras, como numa grande colcha de tiras de tecido - coloridas, diferentes, mas participando de um grande texto que é o próprio percurso cultural da humanidade ou, pelo menos, de parte dela.


Este trabalho que está sendo proposto a toda a 1a. série do ensino médio pretende favorecer que você, aluno, vivencie esse jogo de inovações e permanências, por meio da observação, análise e mergulho na arte poético-musical do nosso tempo, garimpando traços e referências das cantigas medievais que estamos estudando. Construiremos uma ponte entre presente e passado e veremos que a arte é, de fato, atemporal, assim como atemporais são algumas questões humanas. Amor, ciúme, traição, desejo...distância do amado ou da amada...não são temas medievais, são temas humanos, afinal, e não saem de cena.


O que faremos

 Você vai ler os textos propostos - são poemas musicais. Os vídeos ajudarão a conhecer as canções que você ainda não tiver ouvido. Nossa tarefa será procurar IDENTIDADES E DIFERENÇAS entre cada um desses textos e as cantigas medievais. Selecione TRÊS dos textos oferecidos e siga os passos abaixo:


a) Veja, primeiro, com que cantiga medieval a canção contemporânea mais se identifica e busque comprovações para o que observar.
b) Além do tema, do tipo de eu lírico, do tipo de relação, note também a forma do poema, a extensão de seus versos, a existência ou não de rimas, os aspectos que tornam o poema realmente musical.
c) Aponte os aspectos em que o poema atual se diferencia da cantiga que você considerou mais parecida com ele.
d) Faça um comentário geral sobre o tema do poema e o tratamento dado a ele, dizendo o que mais chamou a sua atenção.
e) Escolha uma outra canção atual, ao seu gosto, que apresente elementos semelhantes aos das cantigas trovadorescas; exponha esses elementos e classifique a canção como se fosse uma cantiga, seguindo a tipologia estudada. Justifique tudo o que disser.


Apresentação


Seu trabalho será entregue em folha A4 ou almaço, com cabeçalho completo e identificação do grupo, que deverá ter até 4 componentes. Cada passo deve ser claramente cumprido, devendo o grupo reproduzir os poemas-canções que tenha escolhido antes de cada análise. 


Use língua padrão e procure caprichar no vocabulário, colocando em prática os ensinamentos de Literatura que já acumulou até aqui. A profundidade das observações também será avaliada. 


Não se esqueça do nosso compromisso com a qualidade e a ética. Valorizamos, acima de tudo, as observações que O ALUNO PODE FAZER, SOZINHO OU DEPOIS DE DISCUTIR COM SEU GRUPO. QUALQUER INCIDÊNCIA DE PLÁGIO TORNA O TRABALHO NULO E O GRUPO PERDERÁ OS DOIS PONTOS DEDICADOS AO TRABALHO.


Casos particulares serão resolvidos pelos professores.
Bom trabalho a todos!


1. Gago apaixonado

Composição: Noel Rosa

Mu-mu-mulher, em mim fi-fizeste um estrago
Eu de nervoso estou-tou fi-ficando gago
Não po-posso com a cru-crueldade da saudade
Que que mal-maldade, vi-vivo sem afago
Tem tem pe-pena deste mo-moribundo
Que que já virou va-va-va-va-ga-gabundo
Só só só só por ter so-so-sofri-frido
Tu tu tu tu tu tu tu tu
Tu tens um co-coração fi-fi-fingido
Mu-mu-mulher, em mim fi-fizeste um estrago
Eu de nervoso estou-tou fi-ficando gago
Não po-posso com a cru-crueldade da saudade
Que que mal-maldade, vi-vivo sem afago
Teu teu co-coração me entregaste
De-de-pois-pois de mim tu to-toma-maste
Tu-tua falsi-si-sidade é pro-profunda
Tu tu tu tu tu tu tu tu
Tu vais fi-fi-ficar corcunda!

2.  Três apitos

Composição: Noel Rosa


Quando o apito da fábrica de tecidos
Vem ferir os meus ouvidos
Eu me lembro   de     você
Mas você anda
Sem dúvida bem zangada
E está interessada
Em fingir que não me vê  
Você que atende ao apito de uma chaminé de barro
Porque não atende ao grito
Tão aflito
Da buzina  do  meu  carro
Você no inverno
Sem meias vai pro trabalho
Não faz fé no agasalho
Nem no frio você crê       
Mas você é mesmo artigo que não se imita
Quando a fábrica apita
Faz reclame  de  você   
Nos meus olhos você lê
Que eu sofro cruelmente
Com ciúmes do gerente
Impertinente
Que dá ordens a você  
Sou do sereno  poeta muito soturno  
Vou virar guarda-noturno
E   você  sabe  porque
Mas você não sabe
É que enquanto você faz pano
Faço junto do piano
Estes versos pra você

Quando o apito da fábrica de tecidos
Vem ferir os meus ouvidos
Eu me lembro de você
lembro de você


3. Dona

Composição: Sá & Guarabyra

Dona desses traiçoeiros
Sonhos sempre verdadeiros
Oh! Dona desses animais
Dona dos seus ideais
Pelas ruas onde andas
Onde mandas todos nós
Somos sempre mensageiros
Esperando tua voz
Teus desejos, uma ordem
Nada é nunca, nunca é não
Porque tens essa certeza
Dentro do teu coração
Tan, tan, tan, batem na porta
Não precisa ver quem é
Pra sentir a impaciência
Do teu pulso de mulher
Um olhar me atira à cama
Um beijo me faz amar
Não levanto, não me escondo
Porque sei que és minha
Dona!!!

Dona desses traiçoeiros
Sonhos sempre verdadeiros
Oh! Dona desses animais
Dona dos seus ideais
Não há pedra em teu caminho
Não há ondas no teu mar
Não há vento ou tempestade
Que te impeçam de voar
Entre a cobra e o passarinho
Entre a pomba e o gavião
Ou teu ódio ou teu carinho
Nos carregam pela mão
É a moça da Cantiga
A mulher da Criação
Umas vezes nossa amiga
Outras nossa perdição
O poder que nos levanta
A força, que nos faz cair
Qual de nós ainda não sabe
Que isso tudo te faz
Dona! Dona!
Dona! Dona! Dona!

4. Queixa

Composição : N.Siqueira / E. Neves

Um amor assim delicado
Você pega e despreza
Não devia ter despertado
Ajoelha e não reza
Dessa coisa que mete medo
Pela sua grandeza
Não sou o único culpado
Disso eu tenho a certeza

Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa

Um amor assim violento
Quando torna-se mágoa
É o avesso de um sentimento
Oceano sem água
Ondas, desejos de vingança
Nessa desnatureza
Batem forte sem esperança
Contra a tua dureza

Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa

Um amor assim delicado
Nenhum homem daria
Talvez tenha sido pecado
Apostar na alegria
Você pensa que eu tenho tudo
E vazio me deixa
Mas Deus não quer que eu fique mudo
E eu te grito esta queixa

Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Amiga, me diga...



5. Esse Cara


Composição : Caetano Veloso


Ah! Que esse cara tem me consumido 
A mim e a tudo que eu quis 
Com seus olhinhos infantis 
Como os olhos de um bandido 
Ele está na minha vida porque quer 
Eu estou pra o que der e vier 
Ele chega ao anoitecer 
Quando vem a madrugada ele some 
Ele é quem quer 
Ele é o homem 
Eu sou apenas uma mulher

6. Pra Que Mentir?

Composição : Noel Rosa/Vadico

Pra que mentir se tu ainda não tens
Esse dom de saber iludir?
Pra quê?! Pra que mentir
Se não há necessidade de me trair?
Pra que mentir, se tu ainda não tens
A malícia de toda mulher?
Pra que mentir
se eu sei que gostas de outro
Que te diz que não te quer?
Pra que mentir
Tanto assim
Se tu sabes que eu sei
Que tu não gostas de mim?!
Se tu sabes que eu te quero
Apesar de ser traído
Pelo teu ódio sincero
Ou por teu amor fingido?!



7. Todo amor que houver nessa vida
Composição: Cazuza e Frejat

Eu quero a sorte de um amor tranquilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia
E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio, o mel e a ferida
E o corpo inteiro como um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente não
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria




8. Amor, meu grande amor

Composição: Angela Rô Rô

Amor, meu grande amor
Não chegue na hora marcada
Assim como as canções como as paixões
E as palavras
me veja nos seus olhos
Na minha cara lavada
Me venha sem saber
Se sou fogo ou se sou água
Amor, meu grande amor
Me chegue assim bem de repente
Sem nome ou sobrenome
Sem sentir o que não sente
Que tudo que ofereço
É meu calor, meu endereço
A vida do teu filho
Desde o fim até o começo
Amor, meu grande amor
Só dure o tempo que mereça
E quando me quiser
Que seja de qualquer maneira
Enquanto me tiver
Que eu seja a última e a primeira
E quando eu te encontrar, meu grande amor
Me reconheça
Amor, meu grande amor 

Que eu seja a última e a primeira
E quando eu te encontrar, meu grande amor
Por favor, me reconheça






9. Meu Bem Querer
Composição: Djavan

Meu bem querer
É segredo, é sagrado
Está sacramentado
Em meu coração
Meu bem querer
Tem um quê de pecado
Acariciado pela emoção

Meu bem querer
Meu encanto, estou sofrendo tanto
Amor, e o que é o sofrer
Para mim que estou
Jurado pra morrer de amor



10. Olhos Nos Olhos

Composição: Chico Buarque


Quando você me deixou, meu bem,
Me disse pra ser feliz e passar bem.
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci,
Mas depois, como era de costume, obedeci.
Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer.
Olhos nos olhos,
Quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais
E que venho até remoçando,
Me pego cantando, sem mais, nem por quê.
Tantas águas rolaram,
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você.
Quando talvez precisar de mim,
Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim.
Olhos nos olhos,
Quero ver o que você diz.
Quero ver como suporta me ver tão feliz.




terça-feira, 10 de maio de 2011

LITERATURA TROVADORESCA

TROVADORISMO

Os textos do Trovadorismo são fundamentais para que tenhamos uma visão da língua portuguesa em processo de formação, já que são escritos em galego-português, e para se ter noção de como a arte da época vinha marcada pela estrutura social e econômica, bem como pela mão da Igreja. Isso se pode notar nas relações de impedimento ao amor entre grupos sociais incomunicáveis e na vassalagem amorosa, que reproduz a estrutura feudal, sobretudo nas cantigas palacianas. As cantigas de amigo, oriundas de um ambiente mais popular, vêm marcadas pela simplicidade dos cenários, pelo diálogo com a natureza e pelo amor possível, conquanto impedido temporariamente.

A música, companheira da poesia nessa fase – parceria que justifica o nome do estilo, tomado aos trovadores, poetas-cantores – cumpre papel essencial à divulgação dos poemas em tempos sem imprensa. A métrica e a rima, bem como o refrão, garantem musicalidade aos versos, em formato simples, com a chamada redondilha (menor, versos de 5 sílabas; maior, versos de 7 sílabas). Até o Renascimento, música e poesia caminham juntas e interligadas.

I. Cantiga da Ribeirinha, de Paio Soares de Taveirós


 A Cantiga da Ribeirinha, também conhecida como Cantiga da Guarvaia, de Paio Soares de Taveirós, é considerada o mais antigo texto escrito em galego-português: data provavelmente de 1189 ou 1198, ou seja, foi escrita em fins do século XII. Segundo consta, foi dedicado a D. Maria Paes Ribeiro - apelidada "A Ribeirinha", amante do rei D. Sancho I - e pertence a uma coleção de textos arcaicos denominada Cancioneiro da Ajuda. Abaixo das estrofes, uma transcrição para o português moderno, para favorecer o entendimento.

"No mundo nom me sei parelha, 
 mentre me for' como me vai, 
ca ja moiro por vos - e ai 
mia senhor branca e vermelha, 
queredes que vos retraia 
quando vos eu vi em saia! 
Mao dia que me levantei,
que vos enton nom vi fea! "
"E, mia senhor, des aquel di' , ai!  
me foi a mim muin mal, 
e vós, filha de don Paai 
Moniz, e ben vos semelha 
d'aver eu por vós guarvaia, 
pois eu, mia senhor, d'alfaia 
nunca de vós ouve nem ei 
valia d'ua correa". 

No mundo ninguém se assemelha a mim / enquanto a minha vida continuar como vai / porque morro por ti e ai / minha senhora de pele alva e faces rosadas, / quereis que eu vos descreva (retrate)  / quando eu vos vi sem manto (saia : roupa íntima) / Maldito dia! me levantei / que não vos vi feia (ou seja, viu a mais bela). 
E, minha senhora, desde aquele dia, ai / tudo me foi muito mal / e vós, filha de don Pai / Moniz, e bem vos parece / de ter eu por vós guarvaia (guarvaia: roupas luxuosas) / pois eu, minha senhora, como mimo (ou prova de amor) de vós nunca recebi / algo, mesmo que sem valor.


Veja outros exemplos de poemas da época trovadoresca e procure identificar o tipo de cantiga: entre as líricas, as de amor e de amigo; entre as satíricas, as de escárnio e de maldizer.



II. Cantiga de Bernal de Bonaval

A dona que eu am'e tenho por Senhor
amostrade-me-a Deus, se vos en prazer for,
se non dade-me-a morte.
A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus
e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus,
se non dade-me-a morte.
Essa que Vós fezestes melhor parecer
de quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer,
se non dade-me-a morte.

A Deus, que me-a fizestes mais amar,

mostrade-me-a algo possa con ela falar,
se non dade-me-a morte."

III.
"Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo!
ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado!
ai Deus, e u é?"

IV.(fragmento de canção de D. Diniz, rei trovador)

I . Ou é Meliom Garcia queixoso
 ou nom faz come home de parage
 escontra duas meninhas que trage,
contra que nom cata bem nem fremoso:
ca lhas vej' eu trager, bem des antano,
 ambas vestidas de mui mao pano,
nunca mais feo vi nem mais lixoso.

II.  Andam ant' el chorando mil vegadas
 por muito mal que ham com el levado;
 [e] el, come home desmesurado
contra elas, que andam mui coitadas,
 nom cata rem do que catar devia;
e, poi-las tem [con]sigo noit' e dia,
 seu mal é tragê-las mal lazeradas.


(...)





Assista ao vídeo a seguir, uma demonstração de como a poesia trovadoresca se realizava através da música. O poema é "Ai flores, ai flores do verde pinho", de D. Diniz:


segunda-feira, 18 de abril de 2011

Origem da linguagem humana - vamos pensar sobre isso?


EVOLUÇÃO

Linguagem humana também surgiu na África

O Globo 
Ilustração mostra a queda na diversidade dos fonemas usados pelos idiomas modernos a medida que se afastam de sua origem africana. Foto: Science
Assim como o Homo sapiens, a linguagem humana surgiu na África e depois se espalhou pelo mundo, afirma estudo do pesquisador Quentin Atkinson, da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, publicado na edição desta semana da revista "Science". Com base em um levantamento dos fonemas usados em 504 idiomas ao redor do planeta, Atkinson observou que, quanto mais distante do continente africano, menor é a variedade destas unidades distintas de sons que diferenciam as palavras utilizadas pelas línguas, o que sugere que derivaram de uma origem única em solo africano.
O pesquisador destaca que o padrão do uso de fonemas espelha a queda na diversidade genética das populações humanas a medida que aumenta a distância de sua origem africana. De um modo geral, as áreas do globo que tiveram colonização mais recente incorporaram menos fonemas em suas línguas locais, enquanto aquelas em que a presença humana data de milênios têm idiomas sonoramente mais complexos. Segundo Atkinson, os dialetos que têm mais fonemas estão na África, enquanto os com menos foram localizados na América do Sul e Oceania.